Tout feu, tout flamme

Quando a noite no convento estava quieta e silenciosa, eu tinha a certeza absoluta de que alguém estava dando uma festa maravilhosa em algum lugar... e eu estava lá, enclausurada naquele mosteiro maldito, cercada de freiras por todos os lados.

O monsenhor Dom Hélder até que era bom para mim. Gostava de me ver de joelhos diante dele, rezando o terço, inteiramente nua.

Dom Hélder era um homem sexualmente experiente, sabia de cor todo o Kama-Sutra, em ordem alfabética.

Mas, comigo, nunca passava da letra B.

Freiras são seres hipócritas, mulheres rancorosas, azedas e mal-amadas. Fumam, bebem, tomam drogas e cometem todos os tais pecados que elas mesmas vivem condenando.

E ainda por cima usam aqueles hábitos horrendos.

Quem gosta de freira é padre, bispo e arcebispo.

Para o sexo e somente para o sexo, bem entendido.

Sou uma mulher do mundo, uma pecadora confessa. E assumo todos os meus desejos, todas as minhas excentricidades e transgressões.

Adoro os pecados, principalmente o pecado capital.

Estou em chamas. Sou um vulcão.

Meu corpo é um parque de diversões, sou uma espécie de Disneyworld particular. Sou uma casa de espetáculos, um centro internacional de atrações.

Só não aceito visitas sem reservas.

E nem grupos grandes de excursões.